terça-feira, 28 de janeiro de 2014

Estética da recepção - atividade de recuperação


Elabore um texto em que a discussão sobre o papel do leitor seja abordado com base nas perspectivas da estética da recepção. Esse texto deverá ser entregue na próxima aula. Não deverão ser feitas postagens, pois não serão consideradas. O trabalho poderá ser entregue impresso ou manuscrito ou mesmo ser confeccionado durante o período da aula (dia 29 de janeiro para a turma da noite e dia 31 de janeiro para a turma da tarde). Não serão aceitos trabalhos entregues após a data prevista.
Abaixo, segue uma citação da apresentação de Luiz Costa Lima para o livro A literatura e o leitortextos de estética da recepção:

“Cabe acrescentar que essa substituição doo leitor por uma estética da produção fora facilitada porque, nos séculos passados, sobretudo nos tratados de retórica, o leitor era invocado dentro de um contexto normativo, isto é, era invocado para que se dissesse como deveria se conduzir, assim como quais os estilos e gêneros adequados às diversas circunstâncias. Assim sucedera na Roma antiga e voltara a se dar tanto nas poéticas renascentistas, como na estrita regulação do teatro clássico francês. Noutras palavras, obra e leitor faziam parte de um círculo fechado, sujeito às normas de que o autor das retóricas era o representante, se não o legislador. Por isso a luta pela autonomia do discurso literário passava pelo desdém com os cuidados com o leitor. É esse o contexto histórico que motivava o fragmento nº 85 dos 'Kritische Fragmente':

Todo autor legítimo (rechtlich) escreve para ninguém ou escreve para todos. Quem escreve para que possa ser lido por estes e aqueles, merece não ser lido. (Schlegel, F. 1797, 157)


A desconsideração do leitor era proposta a partir de duas perspectivas: da clássica e da moderna. Do ponto de vista clássico, não o levar em conta era romper frontalmente com o pacto normativo; do ponto de vista moderno, não se sujeitar ao que, a partir de agora, será cada vez mais intensamente o pacto comercial.” (2002, p 15-16)

terça-feira, 21 de janeiro de 2014

New Historicism

Mapa de 1504 - o primeiro a mostrar o Novo Mundo

"Ora, é óbvio que esta fusão da consciência mítica e da história ofenderá alguns historiadores e perturbará aqueles teóricos literários cuja concepção de literatura pressupõe uma oposição radical da história à ficção ou do fato à fantasia." (WHITE, Hayden. Trópicos do discurso. 2. ed. São Paulo: Editora USP, 2001. p. 98).
Comente uma possível perturbação dessa forma de perceber a relação entre literatura e história presente na reflexão de Hayden White, citando elementos presentes no capítulo 3 (O texto histórico como artefato literário) da obra citada.

quinta-feira, 16 de janeiro de 2014

Psicanálise, imaginário, inconsciente, devaneio e literatura







Com base na citação de Sigmund Freud e levando em consideração as suas reflexões sobre o determinismo psíquico, comente o  fragmento abaixo:
"Presumo que esse desconhecimento consciente e esse saber inconsciente da motivação das causalidades psíquicas sejam uma das raízes psíquicas da superstição. Porque o supersticioso nada sabe da motivação de seus próprios atos casuais, e porque o fato dessa motivação pressiona pela obtenção de um lugar no campo de seu reconhecimento, ele se vê forçado a situá-la, por deslocamento, no mundo externo. Se existe tal conexão, ela dificilmente estará limitada a esse caso singular. De fato, creio que grande parte da visão mitológica do mundo, que se estende até as mais modernas religiões, nada mais é do que a psicologia projetada no mundo externo." (FREUD, Sigmund. Psicopatologia da vida cotidiana. Rio de Janeiro: Imago, 1987, p. 223)

A mitologia e o imaginário se confundem na abordagem de Gaston Bachelard. Seus devaneios sobre o devaneio - parafraseando o título do capítulo da obra A poética do devaneio - partem de aspectos da mitologia e seus referenciais para possíveis leituras e relações com o cotidiano, levando em consideração aspectos presentes nos estudos freudianos. Responda, procurando fazer relação com algum exemplo literário, a seguinte pergunta formulada por Bachelard:
"Pelo devaneio acreditamos descobrir numa palavra o ato que nomeia. 
As palavras sonham que as nomeemos
escreve um poeta. Querem que sonhemos nomeando-as. E isto simplesmente, sem cavar o abismo das etimologias. Em seu ser atual, as palavras, acumulando sonhos, fazem-se realidades. Que sonhador de palavras poderia deixar de sonhar quando lê estes dois versos de Louis Émié: 
Uma palavra circula na sombra
e faz inflar as cortinas.
Com esses dois versos, gostaria de fazer um teste da sensibilidade onírica que toca a sensibilidade na linguagem. Eu perguntaria: você não acredita que certas palavras encerram uma sonoridade tal que chegam a ocupar espaço e volume nos seres do quarto? Portanto, que é que de fato inflava as cortinas no quarto de Edgar Poe: um ente, uma recordação ou um nome?" (BACHELARD, 2001, p. 47-48).

quinta-feira, 9 de janeiro de 2014

Hermenêutica



Escolha um dos fragmentos abaixo extraídos da Hermenêutica da obra de arte, de Hans-George Gadamer, e elabore um pequeno texto tomando por base os argumentos presentes no próprio texto e procurando, na medida do possível, fazer relações com outros textos já trabalhados. Como exemplo de outro texto literário - além das obras citadas pelo teórico - seguem dois fragmentos de obras literárias para ilustração sobre a questão da condição humana.

A punto de rendir el último examen en la Universidade de Texas, en Austin, supe que mi tío Edwin Arnett había muerto de un aneurisma, en el confín remoto del Continente. Sentí lo que sentimos cuando alguien muere: la congoja, ya inútil, de que nada nos hubiera costado hacer sido más buenos. El hombre olvida que es un muerto que conversa con muertos. Jorge Luis Borges, There are more things. In: El libro de arena, Alianza Editorial, 2008, p. 55.

Este último capítulo é todo de negativas. Não alcancei a celebridade do emplasto, não fui ministro, não fui califa, não conheci do casamento. Verdade é que ao lado dessas faltas, coube-me a boa fortuna de não comprar o pão com o suor do meu rosto. Mais; não padeci a morte de D. Plácida, nem a semidecência do Quincas Borba. Somadas umas cousas e outras, qualquer pessoa imaginará que não houve míngua nem sobra, e conseguintemente que saí quite com a vida. E imaginará mal; porque ao chegar a este outro lado do mistério, achei-me com um pequeno saldo, que é a derradeira negativa deste capítulos de negativas: - Não tive filhos, não transmiti a nenhuma criatura o legado da nossa miséria. Machado de Assis. Memórias póstumas de Brás Cubas. Editora Globo, 1997, p. 208.

1) "A todas as artes da cultura, contudo, é comum o fato de elas designarem em verdade conjuntamente o domínio do homem sobre a terra, mas não conseguirem suspender o destino da mortalidade." (p. 272).

2) "O caminho das oferendas até o conteúdo imagético das cenas mortuárias dá prosseguimento a uma fixação. Ainda hoje o nosso sentimento linguístico confirma o fato de não se poder pensar a vida de alguém ou a própria vida como perecível porque o vivente já está sempre consciente da finitude de sua existência" (p. 290).

Semiótica



Após a leitura do texto de Umberto Eco - O modo simbólico. In: Semiótica e filosofia da linguagem -, podemos perceber a sua importância para o estudo da obra literária, tendo em vista que toda a obra é simbólica. Nas palavras de Eco, "simbólica é a atividade pela qual o homem explica a complexidade da experiência, organizando-a em estruturas de conteúdo a que correspondem sistemas de expressão. O símbolo não só permite 'nomear' a experiência mas também organizá-la e, portanto, constituí-la como tal, tornando-a pensável e comunicável". (1991, p. 201).
Com base nessa definição, procure apresentar um estudo acerca de um (ou mais) símbolos presentes em uma determinada obra literária, evidenciando a sua função no sentido de representar a experiência humana presente naquela produção, lembrando que os símbolos são "escolhidos por sua capacidade de representar infinitos outros contextos mais ou menos semelhantes" (1991, p. 201).